quarta-feira, 9 de julho de 2008

A ESCRAVIDÃO O CHÃO DO BRASIL

Colonização do Preconceito e da Desigualdade


No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar no Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias ou animais aqui no Brasil. Os escravos saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou mais velhos.
Esses escravos eram extraidos da África de maneira desumana, transportados em porões imundos, abafados e amontoados em condições precárias nos navios negreiros, e muitos morriam antes de chegar ao Brasil, e estes tinham os seus corpos lançados ao mar.
Os sobreviventes dessa viagem desumana chegaram aqui para trabalhar nos engenhos de açúcar, nas fazendas de café, nas casas grandes e nas minas de ouro, os escravos eram tratados da pior forma possível trabalhavam muito de sol a sol chegavam a trabalhar dezoito (18) horas por dia recebendo em troca trapos de roupas e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites em galpões escuros, úmidos e sem condições nenhuma de higiene, chamados de senzalas. Os poucos momentos que esses negros se encontravam na senzala, eles eram acorrentados para evitar as fugas. Eram constantemente castigados fisicamente e mentalmente, sendo que o açoite no tronco era a punição mais comum no período Colonial.
Esses negros não tinham direito de praticar sua religião de origem africana e de realizar suas festas e rituais. Eram obrigados a seguir a religião católica, imposta pelos senhores, e a adotar a língua portuguesa na comunicação. E mesmo com todas as imposições e restrições não deixaram à sua cultura africana se apagar. Eles se escondiam para realizar seus rituais, suas festas e tabém manter suas representações artísticas e até conseguiram desenvolveram uma forma de luta a Capoeira.
Não só os homens sofreram com a escravidão, mas as mulheres negras também, embora, os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente para os trabalhos domésticos: cozinheiras, arrumadeiras, damas de companhia e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos de colônia.
No século XVIII dito como o Século do Ouro alguns escravos em negociatas com seus senhores conseguiam comprar sua liberdade e adquiriam a sua carta de alforria e aqueles que não tinham como negociar a sua carta de alforria ragiam a escravidão de outra forma, buscando uma vida digna.
Realizavam revoltas nas fazendas em que os grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos.
Os quilombos eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, eles podiam praticar toda sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo dos Palmares, que era localizado na Serra da Barriga e comandado por Zumbi dos Palmares. Zumbi nasceu em 1595 e foi um grande guerreiro que viveu 100 anos resistindo aos ataques da Coroa Portuguesa. O dia da sua morte, 20 de novembro do ano de 1695, é consagrado até os dias de hoje pelo povo negro o Dia da Consciência Negra.
E só na metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico dos escravos dando poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem os navios de países que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu as pressões inglesas e aprovou a Lei Euzébio de Queiroz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 foi aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos negros nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei do Sexagenário que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. E somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, a Abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a publicação da Lei Áurea, feita pela Princesa Izabel. E assim se deu todo o processo de Abolição da Escravatura.
Nos tempos modernos podemos citar, que Portugal foi o maior desenvolvedor e mais lucrador e empreendidor escravista da época no sistema econômico implantado no Brasil e em outras Colônias Portuguesas, fez do comercio de negros africanos, homens e mulheres, um meio eficaz e rápido de atingir lucros. Percebemos que desde os primórdios dos tempos, o homem tem escravizado outro homem, a fim de satisfazer as suas necessidades de mão-de-obra, e principalmente para demonstrar e aumentar o seu poder.
Todo mês de maio lembramos da libertação dos escravos, Princesa Izabel, situação dos negros no Brasil, trabalho infantil... e vem a pergunta, após a libertação dos escravos no Brasil, pode-se dizer que acabou com a escravidão?
Focalizando nossos dias ainda podemos citar forma de escravidão? Cabe a pergunta: como os produtos “made in Taiwan”, que nos compramos a preços baixos, podem ser tão baratos? Qual o tipo de mão-de-obra utilizada nessa produção? Essa mesma pergunta podemos fazer aos nossos produtos nacionais já que temos exemplos de produtos com preços abaixo do mercado.
Sabemos que nos interiores de nosso país infelizmente encontramos o trabalho escravo, este que está inserido em parte do latifúndio brasileiro, e portando no agro negocio internacional. Por isso, ações de combate devem ser tomadas não só pelo Brasil, mas por países que podem lucrar com isso.
A origem disso esta no tipo de colonização que tivemos (Colônia de Exploração...), que impôs o latifúndio, uns com quase tudo e o grande resto com quase nada e a escravidão (a maioria sendo explorada pela menoria). Depois da Abolição os Ex Escravos não receberam nehuma compensação, nenhum pedacinho de terra para plantar. O brasil se tornou um país capitalista, com a maioria dos trabalhadores recebendo salários. Mas o capitalismo brasileiro foi construido de forma Selvagem, com muito sacrificio e pouco salário. As tentativas de mundanças às situações foram cortadas com violência. Foi o caso por exemplo, das reformas de base interrompidas pelo golpe militar de 1964. Ou seja o processo de formação do Brasil leva-nos à inevitavel conclusão de que não passa de um tolo preconceito acreditar que, “ O povo brasileiro é o culpado pela situação do país”. Afinal o povo trabalhador tem sido antes de tudo uma grande vitima da estrutura social injusta.
Vimos no histórico do Brasil que a miscigenação não era vista com bons olhos era a quebra do padrão de uma civilização. Civilização essa mal estruturada que aboliu os negros, mas não os amparou, deixou-os abandonados a própria sorte. Mas, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade acabavam fechando as portas para essas pessoas e dando inicio a mendicância e a prostituição,a violência e a geração de invasão na zona urbana e criando periferias e vivendo em condições precárias.
O Brasil de hoje continua desfrutando do preconceito racial e como mascara divulga a igualdade não existente na sociedade brasileira onde a “Democracia Racial” é uma grande farça, hoje ainda e sustentado o mito que o Brasil não é um país racista, embora vivemos ardentemente todos os dias o racismo espalhado por todo o país, onde não existe conveniência nem harmonia entre os povos. E devido o homem branco ter manipulado a formação do Brasil ele tornou-se destaque na vida social e financeira, sabe-se que a realidade hoje é de desemprego onde a taxa dos Negros desempregados é superior a dos Brancos. Pesquisas realizadas através do Dieese, nos mostram o que todos já deveriam saber que nós vivemos em um país profundamente racista e que o homem branco ganha mais do que a mulher branca, que ganha mais do que o homem negro, que ganha mais do que a mulher negra. Sabemos também que nos dias atuais o Brasil vive a discriminação racial camulflada para as suas conveniências, calando e oprimindo a Raça Negra covardemente afirmando que no Brasil não há Racismo.
A conclusão que chegamos é de que desde o periodo colonial já existia a concentração de riquezas, a mal distribuição de renda, a desumanização dos negros e a desigualdade social e sempre tendo a visão dos negros como subalternos, marginalizados e seres inferiores que não merece qualquer tipo de respeito.
Infelizmente ainda hoje, tudo o que o negro consegue é atravez de leis como a cota de negros nas Universidades, que estipula a quantidade de negros que vão estudar, isso não é uma forma de preconceito? Os negros podem estudar mas só alguns?
Esse estudo mostra que não mudou muita coisa, desde a colonização continuamos com a mente pequena e vazia desvalorizando e humilhando os nossos negros que tanto contribuiram para a nossa cultura e o nosso desenvolvimento como país e não só por isso, mas porque somos seres humanos independente de Raça, portanto merecemos Respeito e jamais esquecer que o Brasil foi formado por Indios, Negros e Brancos.

Bibliografia:
Modulo I, Serviço Social Unopar – Formação Social, Política e Econômica do Brasil.
Textos Complementares: FRAGOSO, João Luis, Da Senzala a Colônia.
VAINFAS, Ronaldo – Colonização e Miscigenação e Questão Racial: notas sobre Equívocos e Tabus da Historiografia.
CAMURATI, Carla. Filme Carlota Joaquina.

Páginas na Internet:
http://www.brasilcultura.com.br/conteudo.php?id=182&menu=97&sub=191
http://www.rolim.com.br/2002/modules.php?name=News&file=article&sid=92

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